No final do ano passado percebi que a minha primeira conta no Tibia, um dos jogos que mais joguei na minha vida inteira, vai fazer 15 anos em março desse ano. Há dois dias eu fiz 23. E um das melhores memórias que tenho vai fazer 10 anos em junho desse ano.

Acredito que foram uns dois meses antes quando meu irmão, Pedro (sim, tivemos uma placa na porta do nosso quarto em que dizia “João Pedro Henrique”), me convidou pra ir num show da banda favorita dele: Pain of Salvation. Uma banda sueca que até hoje é pouco conhecida por aqui, embora o público do último show deles aqui, em 2018, me surpreendeu.
Não me lembro direito, mas acho que meus olhos brilharam e o “sim” saiu antes mesmo de ouvir alguma música deles.
Um pouco depois ele me apresentou a banda. Até hoje eu me impressiono quando, de tempos em tempos, paro pra ouvir a discografia deles. Na época eu tinha 13 anos e já tinha um gosto musical bem, vamos dizer, excêntrico. Meu falecido MP4 era uma grande colcha de retalhos, mas tinha umas cartas marcadas. Acho que na época eu ouvia bastante Iron Maiden, Metallica e Pantera (culpa do meu irmão também). Eu tinha um acervo picotado de CDs na época, acho que não tinha um inteiro no meu mini-player branco. Hoje sou bem mais eclético (obrigado, Senhor Tempo!) mas na época eu só queria ouvir guitarras e baterias explodindo nos meus ouvidos. E acho que o meu irmão percebeu isso.
Pra quem eu não forcei ouvir o trabalho dessa banda incrível OUÇA!, vou dar um pouco da visão que tenho sobre o trabalho deles: além de incrível e sempre muito bem executado, eles passam por vários estilos. Então o trabalho deles, na minha visão, não se encaixa em um único estilo.
Eu lembro que meu irmão colocou na TV um DVD do BE que ele tinha. Inclusive, é o CD que estou ouvindo enquanto escrevo esse texto. O show é lindo, sem tirar nem pôr. Eles estão tocando junto com a Orchestra of Eternity. Eu achei legal, mas só fui ter mais maturidade pra apreciar esse trabalho alguns anos mais tarde. Eu lembro que ele percebeu a minha reação e falou “Pera, ouve isso aqui então.” e pronto. Eu lembro que saí “MEU DEUS!! ME PASSA ESSES CDs POR FAVOR CARA”.
A música que comprou o João magricelo de 13 anos foi “Handful of Nothing”, uma versão extendida ao vivo.
E assim, essa música no estúdio (do “One Hour by the Concrete Lake” de 98) é boa, mas a versão extendida (que lançaram no “On the Two Deaths of” em 2009) eu achei, e acho até hoje, incrível.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o ritmo quebrado no início da música, algo que parecia ser meio caótico. Foi contagiante. A crescente foi uma coisa que achei muito legal também e a transição pro “adicional” da música eu nem me atrevo a escrever pois sei que não fará jus ao que senti na época.
Antes que eu me esqueça, tenho que dar aqui uma menção honrosa pra ‘Dancing Queen’. Quando ouvi essa música eu lembro de ter pensado “Ok. É com isso que estamos lidando.”
Alguns meses depois e chegou o grande dia. Lembro que maratonei todos os CDs que consegui desde o primeiro contato até então, pra não passar vergonha no show.
Ah, uma coisa que eu esqueci de comentar é que meu irmão acompanhava essa banda há tempos, ele chegou a ir no primeiro show deles por aqui em 2005.
O show ia ser no HardRock Café, lembro que fez um frio consideravel e tinha uma fila bem grande. Fiquei encantado porque acho que foi um dos primeiros shows que fui, se não o primeiro.
A gente não foi sozinho, tinham uns amigos de meu irmão, da época de banda dele, que estavam presentes. E lá no encontro pré-show eu já estava muito empolgado. Eu tinha 13 anos e estava ali num show de uma banda que passou a ser a minha banda favorita. E eles conversavam sobre os CDs como verdadeiros especialistas da obra da banda. Eu, quieto, só admirava a conversa.
Chegou a hora da fila, acho que esperamos cerca de 30 minutos até a primeira surpresa da noite. O show era para maiores de idade e aparentemente, meu irmão não podia assinar um termo de responsabilidade, tinha que ter a assinatura dos meus pais.
Ok. Lembro de ligar pros meus pais desesperado explicando a situação. A verdade é que o lance da maioridade pro show não foi muito bem divulgado e a organização percebeu isso. No fim das contas, depois de explicar a situação e que eu tinha vindo de outra cidade, eles ofereceram pra eu assistir o show da loja deles, e aceitamos prontamente. Meu irmão não perderia o show e nem eu. Incrível! De brinde, eu lembro ainda que eles devolveram o dinheiro do meu ingresso!
Chegando no meu novo “camarote”, a moça que estava responsável pela loja me ofereceu uma cadeira alta e começamos a conversar. Meu irmão ficou um pouco ali, e acho que perguntou se tava tudo bem mesmo a situação por mim. Digo “acho” porque eu já não tava prestando mais tanta atenção. Eu lembro que fiquei o show inteiro sentado, com os olhos brilhando e com um sorriso de orelha a orelha. Quando o show começou ele foi lá pra frente do palco. Que na verdade era um tablado com pouco mais de 1m de altura e colado na galera. Eu considero um dos shows mais intimistas e legais que já fui até hoje.
Eu lembro que lá pra metade do show, durante um intervalo entre uma música e outra, eu pedi a moça, que tinha sido extremamente simpática, se ela conseguia um autógrafo deles pra mim depois. Ela sorriu e disse que ia ver o que conseguia.
E foi aí que eu ganhei o apelido de “amuleto” entre os amigos de meu irmão que estavam no show.
A moça voltou. Ela tinha dito que tinha conversado com o pessoal da produção e que ia tentar arrumar um autógrafo ou até mesmo uma ida no camarim.
Eu fiquei meio sem reação e sem acreditar que daria em alguma coisa. No final do show, quando meu irmão foi me “buscar” eu falei com ele que era pra gente esperar. Ele acreditou menos que eu, acho.
Passado uns 10 minutos
Na realidade se passaram 3 anos, né. Esse post era pra ter sido publicado lá em 2021 e pela correria de mudanças de trabalho, de cidade e juntamento, o projeto do blog ficou de lado. Espero que agora consiga dar continuidade no projeto!